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Polinização: um trabalho que movimenta bilhões

A polinização é um processo essencial para a produção de alimentos no mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mais de 75% das culturas agrícolas destinadas à alimentação humana dependem da ação dos polinizadores.

Diversas espécies vegetais, sejam cultivadas ou nativas, contam com a polinização feita por animais como morcegos, mariposas, borboletas, vespas, besouros e, principalmente, abelhas. No Brasil, a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) estima que esse serviço ambiental tenha um valor anual de R$ 43 bilhões para a produção de alimentos, abrangendo 44 tipos de plantas, tanto silvestres quanto cultivadas.

Entre os polinizadores, as abelhas sem ferrão desempenham um papel único. Algumas espécies da flora dependem exclusivamente delas para a reprodução. “Elas são essenciais para a polinização da vegetação nativa, promovendo a fecundação cruzada e garantindo a diversidade genética das espécies vegetais”, explica Generosa Sousa Ribeiro, especialista em Meliponicultura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Um exemplo é a acerola, cuja polinização ocorre principalmente pelas abelhas solitárias do gênero Centris.

A introdução de colônias de abelhas sem ferrão em áreas agrícolas tem mostrado impactos positivos em culturas como café, canola, goiaba, maçã, maracujá, pepino e dendê. No caso do morango, a polinização pela abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis) reduz a deformação dos frutos, enquanto a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris) tem sido identificada como um polinizador frequente de laranjais.

“Quanto mais estudamos as abelhas sem ferrão brasileiras, mais percebemos sua importância”, destaca Juliana Feres, pesquisadora e cofundadora da Heborá, uma plataforma dedicada à capacitação de mulheres do campo na produção de méis nacionais.

Além disso, essas abelhas oferecem um serviço especializado chamado buzz pollination, ou polinização vibratória. Durante esse processo, elas pousam sobre as flores e utilizam a vibração da musculatura torácica para liberar o pólen, beneficiando cultivos como tomate, berinjela e jiló.

Mesmo com sua importância, as espécies nativas ainda são pouco aproveitadas na agricultura. A abelha africanizada continua sendo a mais utilizada, tanto para a produção de mel quanto para a polinização de cultivos, devido à facilidade de manejo e sua ampla distribuição. No entanto, o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil alerta que essa generalização pode ser prejudicial, já que diferentes culturas necessitam de polinizadores específicos para obter melhores resultados.



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